30 abril, 2017

Slow dancing in a burning room


Há músicas que não se ouvem, sentem se. Arrepiam cada pedaço nosso, cada acorde atinge um fragmento de alma.
Arrebatam nos, pegam na nossa pequena existência e transportam nos para mundos paralelos onde alegremente somos o que queremos, como queremos, somos nós.
Invadem nos, e mantemo nos ali, atingidos por cada farpa que dela salta, num turbilhão de sentidos, mas imóveis,  saboreando e absorvendo a intensidade de cada nota. Como se estivéssemos calmamente a dançar num quarto em chamas. E tanto se poderia escrever sobre quartos que ardem, camas em explosão e corpos em ebulição mas calmos, serenos e compassados que se consomem no calor arrepiante e quase sufocante das chamas que criam a cada toque. 


"Eu era a pessoa com quem sempre sonhaste
Tu a pessoa que eu tentei desenhar
Como podes dizer que não significas nada pra mim?
Tu foste a única luz que alguma vez vi"

Ausência


Queria que ficasses aqui
Neste campo de abstratos feito
Onde palavras são vãs
Mas de onde a alma tira proveito
Campo minado de desejos
Ocultos e obscuros
Onde os corpos não tocam
Mas ainda assim transpõem muros
Aqui onde te tive, e onde fiz morada
Neste meio termo de vida
Onde éramos pouco mais que nada
Mas onde a alma se tinha fluída
Espero te aqui
Na morada que é só nossa
Nestes restos de vida que recolho
E onde a tua ausência faz mossa

29 abril, 2017

Bagunça


Gosto da bagunça em que fica o meu corpo e o teu no fim da nossa eterna tentativa de saciar desejos.
Pedaços teus fluídos nos meus. Numa luxuriante mistura de especiarias, entre o agri e o doce. Entre o balançar de corpos e a loucura que não os detém.
Estes dois corpos, pedaços de uma perdição partilhada, que colidem e se conjugam na imensidão do pecado, sedento e suplicante de se terem outra, e outra vez. 

100


Sem roupa
Sem limites
Sem horários
Sem interrupções
Sem pudor
Sem pressas
Sem o mundo lá fora

É assim que nos queremos, sem os limites que nos prendem ao chão, cem amarras se soltam para podermos ser. Ser tua. Seres meu. Sermos sempre nossos.

Amor


Abstracto. Sensação de queda livre em campo seguro e repleto de paz. Tranquilidade e equilibro. Força extrema que derruba obstáculos abismais e escala muros quase intransponíveis. Coragem, determinação.
Perda quase total dos sentidos para dar ênfase aos sentires.
Delírio. Mente viajante com passaporte marcado, cravejado de carimbos de todas as paragens onde pára o amor. Proteção, aconchego,  carinho, compreensão, ligação sensorial, intimidade, intensidade, partilha, dádiva. É o tudo dentro do nada palpável. É o abstrato que quase se toca. É arte no expoente máximo da representação perfeita da colisão entre dois seres. É melodia subtilmente pautada por notas de luxúria e perdição. É tinta que escorre de um quadro, transpondo assim as linhas do limite do que carregamos na nossa tela.
Liberdade para ser, para deixar de parecer. É um sermos mas com a individualidade do ser, é um plural que petrifica dois singulares.

28 abril, 2017

Em Estado Líquido II


Mãos carregadas de desejo diluído e que entre os dedos se perde e flui numa hipnotizante colisão entre a tua tesão e a minha.
Dedos que deslizam e me preenchem, que me inebriam e me convertem numa fiel crente e praticante dessa tua religião, aquela que praticas de corpo fervente e de alma suplicante. 

Na Penumbra


Mantenho me ali, na penumbra, no limbo entre o querer e o poder. Neste local obscuro em que busco pela luz da tua presença em mim, neste desejo vadio e autosuficiente, onde apenas comando o próximo passo. Entre o ir e ficar, entre o caminhar no trilho sinuoso que me leva até ao teu corpo e o gélido percurso que me afasta de mim mesma. Negar te seria negar toda a minha insaciável vontade de te viver. De te consumir, sem qualquer moderação, de te ter em mim, em nós. 

27 abril, 2017

Desobedece me


Desobedece me quando te digo que não sou digna de ti. Quando te digo que não podes escalar os muros que construi para minha defesa.
Desobedece me quando te digo que jamais irei amar, que não quero colo, nem tão pouco que te quero abraçar.
Desobedece me e redesenha me nestes pedaços de papel machucados espalhados pelo chão. Cola me à vida como gostarias que  estivesse colada a ti.
Desobedece me quando o meu corpo suplica pela calma do teu mas os meus lábios cheios de mentiras te dizem que te quero em urgências.
Desobedece me até à exaustão, pois é nessa curva de vida que me rendo. Nessa estrada de sentido único em que o destino me leva até ti.

Partidas e Chegadas


Na delicada sinfonia de uma chegada deixamos para trás um solo de bateria, irremediavelmente ensurdecedor para a alma, aquela que em pedaços se carrega. 
Na esquina do Adeus, na esquina onde tudo termina, onde o corpo se move rumo ao destino, fica uma parte de nós, que insistentemente nos quer acompanhar, mas que por excesso de bagagem e num toque subtil de generosidade deixamos ficar. Aquela parte de nós, salpicada pela dor da partida e a ânsia e urgência da chegada a bom porto, um fragmento do que fomos, do que queríamos ter sido, e que nunca mais seremos.

26 abril, 2017

Achar


Qual de nós dois já sentiu o gosto agridoce de se perder do mundo para se encontrar em alguém?
Fazer da pele vício, do corpo aconchego, da alma equilíbrio. Na perfeita junção de dois seres...
Qual de nós dois já se perdeu para se achar?

25 abril, 2017

Espera me


Espera me na esquina da tentação, neste quarto redondo que é o prazer, onde fugimos desenfreadamente um do outro, sabendo que a fuga nos aproxima.
Espera me com a fome que trazes no olhar. Com essa insaciável loucura que trazes na carne e que te traz até mim.
Espera me como se apenas o meu corpo no teu fizesse sentido, como se dessa união dependesse o oxigénio que te mantém vivo.
Espera me de braços abertos para que possas preenche los com a minha imensidão.
Espera me ali mesmo onde sabes que irei ao teu encontro de corpo latejante e a transpirar tesão.
Espera me no sítio que só nós conhecemos, o recanto mágico da nossa mente, o único em que podemos ser, onde pertencemos um ao outro. 

Essa tal Liberdade


E nessa tal liberdade mundana
Em que somos escravos do parecer
É Rei e Senhor
Aquele que ousa ser

Num Mundo de plástico e dissoluto
Onde valores esquecemos 
Vivemos emaranhados em coisas
Às quais nos vendemos

Afortunados aqueles a quem a alma
Deixou livre para amar
E haverá maior amor
Do que ser livre e escolher ficar?

Nos tempos de relações fugidias
Onde nada do que se sente importa
Vamos vivendo de bens
Para mostrar do lado de fora da nossa porta

Queira o povo aprender que ser
É ser se superior ao parecer
Que o sonho ainda comanda a vida
Daqueles que ousam não se render

E neste jogo de aparências
A liberdade de poder ser
Vive enjaulada nas reticências
Que tentamos esconder

Sonhava eu um dia existir
A grandeza de poder amar sem razao
Na irracionalidade do sentir
Aquele sentimento que nos deita ao chão

Ingénua me senti
Ao saber que agora não é assim
Quem ama não pode amar
Amar não mais será um frenesim

Mas na liberdade que a mim impus
Serei sempre Senhora e Dona
Mandarei que se fodam
Aqueles a quem a liberdade é apenas uma zona

24 abril, 2017

Paradoxo


Quero caber nos teus braços, mas sou infinita.
Quero ser o sol que nasce no horizonte e te toca a pele numa manhã gelada e cinzenta de Janeiro.
Sou quem te eleva ao céu mas que te coloca de joelhos aos meus pés.
Sou o direito do lado mais avesso da tua vida.
Danço ao som do silêncio e desfruto da tranquilidade no meio da multidão.
Quero que penetres em mim sem me tocar. Abro te a porta mas sem intenção de te deixar entrar.
Sou a paz delirante. A virgem prostituta.
Sou a Santa e o Demónio. A fiel pecadora. 
A causa e a cura.

Em Profundidade


Gosto de sentires profundos, intensos.
Daqueles que sufocam a alma, que esmagam a razão. Dos que penetram calmamente mas que permanecem, e crescem em mim. São sentires aumentados, que invadem o meu corpo e que me fazem sempre ansiar por mais.
Com a ofegante respiração dos sentires entranhados em mim, sinto o brotar em avalanche do mais sagrado dos cálices. 

23 abril, 2017

Banho


Banho de água fria em corpo quente.
Um banho que lava a alma, lava o corpo e suja a mente. Trago desejos que me escorrem pelas mãos, aquelas que te deslizam pelo corpo acompanhando o descer da água na tua pele. Mãos que incendeiam e imploram por ti, mãos sedentas do teu corpo no meu.
Pele com pele, carne com carne, o sangue fervilha nesta ânsia de te ter dentro de mim, nesta calma carregada de urgências, pelo consumo desenfreado do teu corpo. Quero te entre as minhas pernas, onde morre e nasce o desejo luxuriante pela entrega de dois corpos que se querem, desesperadamente.

Poetiza me


Vive em mim uma agitação desconcertante
Um impulso divino que me leva a ti
E neste rodopiar de alma delirante
É  muito mais hoje o que sinto do que ontem senti

Queria o mundo parar
Para neste carrossel nos fazer entrar
Neste onde a minha vida se confunde com a tua
Onde os nossos nomes se conjugam no verbo amar

Mas que tormento em mim vive
Sem me poder a ti chegar
Entre a loucura de te ter em mim
E a incerteza de saber esperar

Nos lábios trago o teu nome
Que a alma não cansa de clamar
Num furacão de quereres
Que apenas e só tu podes acalmar

Rodopia em mim um desejo
Impossível de finar
Perdido na certeza que a paz
Apenas nos teus braços posso encontrar

E perguntar me ias tu
Como pude eu assim ficar
Entre uma mão cheia de nada
E uma boca cheia de suplicar

Responder te ia em letras difíceis de decifrar
Porque entre a insanidade do meu querer
E a razão do meu definhar
Existe uma palavra que não ouso pronunciar 


Trinta Segundos


A magia de dois lábios perdidos entre a imensidão do centímetro quadrado que ainda os separa. Aquele momento em que o silêncio é Rei e tudo o que se cala tende a gritar através do olhar que se troca. 
Nos corpos despidos de razão e abraçados ao vazio do nada, impera a tensão, o pré sente na antecipação sôfrega da união eminente.
Olhar que cativa e lábios que se atraem, neste jogo de sedução que dura toda uma vida encaixada numa fração de momento.
Magnetismo puro, quereres em ascenção, alma corrompida pela entrega do corpo. Portas entreabertas violadas pela tentação e a decadência insana que transporta a eterna vontade.
Há uma quase demência que cabe nestes trinta segundos que se antecedem à tua chegada a mim. Algo que se sente e não se reproduz, algo que domina mas que liberta. 

22 abril, 2017

Querer sem querer


Vivo neste querer que não quero querer
No meio de quereres que quero controlar
E de tanto te querer digo que não quero
Mas sei que entre os nossos quereres nos vou encontrar

E quero te assim deste jeito
Que nem me atrevo a explicar
Num querer que não posso ter
Porque quero mas vou sempre negar

Sei que me queres nas entrelinhas
Dos teus quereres por decifrar
Mas de tanto me quereres
Acabarás, ali mesmo, por nos encontrar 

Em estado Catatónico


Deambulo me por este chão onde firmo os meus pés, o mesmo que me levita o corpo, em puro estado catatónico.
Passiva nas minhas não ações, imóvel entre olhares que me cruzam e nada me despertam. A inércia apoderou se do meu corpo, outrora consumido pela exuberância do teu existir.
Sinto te ao longe. Consigo inalar o cheiro que emana do teu corpo. A minha pele sente o conforto do teu toque. Mas ainda assim, estás ali, ao longe, onde a minha mão não te consegue alcançar.
Todo o meu corpo reage á luxúria que a tua memória me trás, invadido por uma onda de choque que me desperta e vulcaniza de imediato.
Neste estado apocalíptico, as pernas trémulas cedem. Aqui me tens, inerte, em estado puro, despida de tudo o que nos ultrapassa, rendida de joelhos aos teus pés. 

Escondido


As coisas que escondemos nas catacumbas do coração, comem nos vivos.
Somos os arquitectos da nossa própria destruição. 

21 abril, 2017

Purgatório


És vício. És pecado. És meu.
És vício quando já nada me satisfaz tanto quanto o teu nome a preencher me os lábios.
És pecado quando é no teu corpo sob o meu que nasce e morre a palavra sagrada que nos une em total e divino nirvana.
És meu sempre que te esqueces das horas e as deixas livremente vaguear sobre nós em memórias antecipadas na dúvida eterna se estás perante o céu ou o inferno, e te manténs ali, no purgatório a tentar salvar as nossas almas perdidas, pecadoras e viciadas neste jogo imaculado, mas batoteiro.

20 abril, 2017

Entorna te


Fica. 
Consome cada milímetro do eterno. Sucumbe ás tentações que aprisionas, entorna te em ti. 
Em mim. 
Em nós. 
Liberta essa vontade de viver que tens sempre que em mim morres. 

19 abril, 2017

Declaração de Culpa


Sim pequei!
Prometi não sentir. Prometi que apenas a pele, o sangue que me corre nas veias iriam sentir a tua presença, iriam reagir à tua existência.
Sim cometi delito!
Roubei o que não é meu e transformei-o com as minhas mãos, moldei, fiz com que fosse o que inconscientemente desejava.
Sim destrui!
Derrubei os muros que me cercavam, demoli tudo o que se atravessou à minha frente até chegar até ti, até estar confortavelmente em ti.
Sim invadi!
Não bati à porta. Tirei a chave mestra do bolso, aquele que trago cosido junto ao peito, e sem ser convidada entrei, sentei me e fiquei a assistir à queda a pique dos dois, naquele abismo desejado mas temido.
Sim criei!
Criei uma coisa sem nome, mas que nos dá nome, que nos define. 

-me


Sabes-me
Sentes -me
Queres-me
Vicias-me
Invades-me
Hipnotizas-me
Elevas-me
Consomes-me
Saboreias-me
Preenches-me
Rendo-me
Entrego-me

Antes


Antes dos nossos sexos se darem a conhecer, já a tua boca terá de me saber de cor. Antes de me penetrares terás de ser capaz de me fazer vir no mínimo um par de vezes. Talvez seja o suficiente para que o meu corpo já só consiga proferir o teu nome em chamamentos sôfregos. Será nas curvas do meu corpo em total súplica pelo teu que te perderás. Mas será na minha pele, ainda latejante que quero sentir os fluidos que te levarão a achar te em mim. 

18 abril, 2017

Fico me


Fico. Aqui me tens neste mundo que criámos. 
Neste mundo poeticamente inventado, meticulosamente construído a quatro mãos. Neste espaço que partilhamos, no qual nos partilhamos.
Ficarei onde me queres, onde eu me quero, contigo. Neste submundo onde nos temos, e onde de alguma forma nos pertencemos. 
Não implores pela minha presença, suplica para me sentires em ti, sempre. 
Não há palavras lidas que se comparem ao silêncio perturbador da nossa ausência física, sabendo ainda assim que estamos unidos. 
União essa que faz parecer vã a perpetuação em palavras de algo tão deliciosamente abstrato.

Fico me por aqui, onde me podes ter. Onde nos podemos ter. 
E acima de tudo, onde podemos ser...

União


Pele com pele. 
Sem ar entre nós. 
Sem espaço desaproveitado no meio da nossa união. 
Neste balançar sobre ti, sobre nós, sobre o desejo que nos consome. 
Entre a tesão vertiginosa que em nós explode a cada pulsação. 

17 abril, 2017

Pequeno Sismo


"Há um pequeno sismo em qualquer parte
ao dizeres o meu nome.
Elevas-me à altura da tua boca
lentamente
para não me desfolhares.
Tremo como se tivera
quinze anos e toda a terra
fosse leve.
Ó indizível primavera."


Eugénio de Andrade

16 abril, 2017

Apetite


A minha fome de ti nunca se esgota,
Acumula se...

Renascimento


Pele que desperta com o toque da tua
Desejo que renasce a cada flash
Mente em desassossego que procura a tua
Mãos impacientes que deslizam sobre mim
Sangue que ferve quanto te sinto
Pernas trémulas quando ouvem o teu nome
Loucura que me domina
Carne que anseia a tua sofregamente
De joelhos aos teus pés me tens
Ansiando que me tomes
É adormecida que ando sem ti neste labirinto
És tu que me fazes renascer, como em dia de Páscoa, de corpo e alma.

15 abril, 2017

Was it a Dream?


"Your defenses were on high 
Your walls built deep inside 
Yeah I'm a selfish bastard 
But at least I'm not alone 
 My intentions never change 
What I want, it stays the same 
And I know what I should do 
Its time to set myself on fire"

14 abril, 2017

Desassossego


Trago este desassossego que faz fervilhar o meu sangue. Esta incontrolável vontade de anular sentidos, de me subjugar aos teus quereres.
Trago nas veias o líquido do pecado, na mente a assombração de uma imagem que me instiga à liberdade. Que me faz soltar a parte da minha mente que aprisionei.

13 abril, 2017

Porque é dia do Beijo


Beijar é sentir na pele toda a perplexidade de sentires que por vezes os olhos não conseguem alcançar. É selar uma vontade, perpetuar um desejo. É misturar sabores e criar um novo. É partilha. É intensidade.
Quando duas bocas se encontram, quando duas línguas se entrelaçam, quando a energia de dois corpos colide e faz o relógio parar.
Um místico sabor entre a tentação e a explosão de corpos em antecipação. Na expectativa do depois. Na véspera do descontrole.
Entre duas bocas que se unem existe um sem número de prazeres que se diluem.
Entre um beijo e outro existem corpos em constante e continua erupção.
O beijo é a porta de entrada para a irremediável e muitas vezes inadiável, entrega.

12 abril, 2017

Tempo


Há quem perca tempo, quem perca noção do tempo, há quem inclusivamente me faça perder a noção do mesmo. Perco me em pensamentos, perco me dentro de mim, perco me no meio de um "nós". Perco me vezes sem conta porque gosto do reencontro, comigo, com o Mundo.
Sou mulher para perder tempo, perco o em inutilidades, perco o porque quero, perco o com quem quero, e como quero. Ou acho que quero. Perco tempo a olhar para dentro de mim, perco tempo a observar o que me rodeia. A estudar movimentos. A interiorizar gestos. Perco me em ti pois idealizei ser a única forma de não me perder de mim.
Perco tempo até achar que o devo perder, gasto me em palavras com quem e para quem, sinta que as precise, que as mereça.
Mas não perco tempo em vão. Nunca. O tempo é demasiadamente caro para que lhe possa atribuir um valor. É meu, e ofereço o a quem eu quiser, só não gosto que me façam perder tempo...

Metamórphosis


Acorrentada ao teu corpo, viciada nas tuas mãos, na complexidade com que me tocam. Afogada em tentação. 
Em delírio constante, que me chega em forma de flashes da tua pele na minha, dos fluidos do teu corpo a impregnarem se nos meus, sem que seja possível formular uma divisão. 
Corpo que lateja a cada investida da tua mente assombrosa sobre a minha. 
Nesta metamorfose de desejos, nesta transformação de sentires perco me em mim, para que me aches em ti. 

Entranhado


Trago o teu cheiro entranhado em mim. Sufoco a cada tentativa de inspiração, sabendo que és apenas tu, o oxigénio que preciso para voltar a libertar um sopro que seja. 
Vagueio por recantos da minha mente onde a tua imagem insiste em viver, aniquilando toda e qualquer memória que outrora tive, de outros cheiros, de outros rostos, de outros toques. 
Sobrevives a todas as intempéries que provoco julgando que consigo afogar entre uma enchorrada de mãos que me tocam e um ciclone de sensações que sinto na pele, todo e qualquer rasto da tua gigantesca presença.
Consome me as entranhas saber te aqui, entre fragmentos de existência da mulher que fui, da mulher que criteriosamente desabitaste, deixando apenas pedaços vãos espalhados no caminho que desbravei de pés descalços.
Ficaste em mim. 
Entranhado. 

11 abril, 2017

Vem


Vem. Encosta me contra a parede mais próxima. 
Deixa a tua mão deslizar pelo meu peito, subindo pelo meu pescoço. 
Arranca me a roupa que incomoda o meu corpo. Solta me. 
Faz me sentir o frio gelado que a parede traz ao meu corpo, arrepiando me. 
Encosta te a mim. Consigo sentir o teu corpo em ascensão, pulsante.
O meu corpo vibra quando os teus lábios tocam a minha pele. 
A tua mão invade me, no meio do calor infernal que emana de mim. Que emana de nós. 
Possui me. 
Entre corpos expectantes, irrequietos, prestes a explodir. 
Corpos que latejam em total descontrolo. Que se rendem um ou outro. Que se rendem à urgência de uma inefável dança que inebria sentidos. 
Que se rendem ao nirvana eminente. 

Recado


10 abril, 2017

Liberdade


Corpo trémulo pela espera de te receber em mim. 
A excitação que me percorre vem acompanhada pela invariável e inevitável adrenalina do teu poder sobre mim.
Entrego me, entregas te. Ao momento. À luxúria exponencialmente aumentada pela vontade irremediável de me tomares, de me consumires. 
A mesma vontade com que me prendes o corpo e me libertas a mente.

Demónios


Acredito que existe amor entre demónios.
Acredito que muito daquilo que nos une aos outros é a luz que ainda consegue espreitar por fendas existentes nas caixas em que guardamos os fantasmas.
Acredito que todos procuramos alguém para nos sarar os cortes profundos, lamber as feridas e arrancar um a um os pregos que mantêm a caixa segura.
Acredito que demónios que se completam, são demónios terapêuticos. Demónios com poder de cura.
Acredito em demónios que se atraem, caso contrário os meus demónios nunca teriam cruzado os teus.

Assombração


Aconteça o que acontecer connosco o teu corpo vai sempre assombrar o meu. 
O meu peito vai sempre reagir ao sopro da tua voz junto da minha pele. 
Nesta inquietude que me leva à loucura. Neste limbo entre o meu corpo em êxtase e a minha mente sã. 
Entre o soltar de amarras e os pés que me prendem à terra. 
Entre a fome de ti que me consome e a certeza que me deixarás sempre em pedaços. 

09 abril, 2017

Tesão


Foi tesão à primeira vista...

Não venhas


Se não vens com tudo, escusas de vir.
Se vens com limites e tabus, fica te pela porta que dá acesso ao meu corpo.
Se vens com pensamentos amordaçados e mãos que não sentem, não entres.
Se o teu corpo não vibra ao ritmo intenso que vibra o meu, não movas nem uma palha na minha direcção.
Se não sentes o delírio inebriante de dois corpos em chamas quando se tocam, se não sentes com tudo o que tens, com cada centímetro quadrado que tens, não venhas, porque com certeza não terás a capacidade de me fazer vir. 

Sedenta


Perpetua a tua pele na minha
Torna intocável o que nos une
Invade a minha mente com o teu cheiro
Domina me os sentidos com a tua majestosa presença
Envenena a minha mente com os devaneios que habitam em ti
Aqui me tens, sedenta de nós
Faz me tua
Sempre 

08 abril, 2017

Toque


Gosto de mãos. Gosto de as sentir no meu corpo, a deslizarem ao ritmo do meu desejo. Gosto que perpetuem na minha pele o prazer da carne em ascensão.
Gosto de mãos famintas, daquelas que me consomem e me deixam em êxtase. 

07 abril, 2017

Desço


Gosto de descidas que provocam subidas...

Derreter


Por mais alta que seja a temperatura lá fora, dentro destas quatro paredes, onde o teu corpo e o meu se entrelaçam numa sucessão de gemidos incontroláveis, a temperatura aumenta, capaz de derreter um icebergue...

Indomável


Por entre as minhas pernas escorre agora um desejo urgente de te sentir dentro de mim.
Sentir o aconchego do encaixe subliminar da tua pele contra a minha. 
O meu corpo reage, descontrolado, ao teu toque, solto gemidos que sussurro ao teu ouvido à passagem da tua língua sobre o arrepio da minha carne.
Esta indomável vontade de ser consumida por ti, contorce o meu corpo, revira me os sentires.
Quero. Quero agora. Quero tudo.

06 abril, 2017

Devoção


Sou devota do teu corpo pulsante dentro do meu...

Perdidos e Achados


No perigo eminente de perder a total noção e dominio sobre o meu corpo que percorres, exploras e descobres, trazes na ponta da língua o que me faz entrar em êxtase, nesta antecipação do delírio explosivo de te ter dentro de mim. Entre os dedos das tuas mãos escorrem os devaneios da minha pele. Trazes em ti o meu desejo devasso pelo consumo desenfreado da carne. 

Momentos


Na tua descoberta promonorizada pelo meu corpo, pelos trilhos que dedilhas desbravando desejos escondidos... no hipnótico balançar dos nossos corpos, na união destemida de duas energias que se diluem.
Naquele momento somos um. Naqueles momentos és tudo em mim e eu pertenço te.